O povo de Israel pede um rei e Deus escolhe Saul, seguido por Davi e Salomão. Davi é um dos maiores reis, e com ele a Aliança de Deus é renovada (2 Samuel 7).
"O Senhor disse-lhe: “Até quando chorarás tu Saul, tendo-o eu rejeitado da realeza de Israel? Enche o teu corno de óleo. Vai; envio-te a Jessé de Belém, porque escolhi um rei entre os seus filhos”. Samuel respondeu: “Como hei de ir? Se Saul souber, ele me matará”. O Senhor disse: “Levarás contigo uma novilha e dirás que vais oferecer um sacrifício ao Senhor. Convidarás Jessé ao sacrifício e eu te mostrarei o que deverás fazer. Ungirás para mim aquele que eu mandar”. Fez Samuel como o Senhor queria. Ao chegar a Belém, os anciãos da cidade vieram-lhe ao encontro, inquietos: “É de paz a tua vinda?” – perguntaram-lhe – “Sim” – disse ele –. “Venho oferecer um sacrifício ao Senhor. Purificai-vos para a cerimônia.” Ele mesmo purificou Jessé e seus filhos e os convidou ao sacrifício.Logo que entraram, Samuel viu Eliab e pensou: “Certamente é esse o ungido do Senhor”. Mas, o Senhor disse-lhe: “Não te deixes impressionar pelo seu belo aspecto, nem pela sua alta estatura, porque eu o rejeitei. O que o homem vê não é o que importa: o homem vê a face, mas o Senhor olha o coração”. Jessé chamou Abinadab e fê-lo passar diante de Samuel. “Não é tampouco este – pensou Samuel – que o Senhor escolheu.” Jessé fez passar Hosama. “Não é ainda este que escolheu o Senhor” – pensou Samuel. Jessé mandou vir assim os seus sete filhos diante do profeta, que lhe disse: “O Senhor não escolheu nenhum deles”. E ajuntou: “Estão aqui todos os teus filhos?”. “Resta ainda o mais novo – confessou Jessé –, que está pastoreando as ovelhas.” Samuel ordenou a Jessé: “Manda buscá-lo, pois não nos poremos à mesa antes que ele esteja aqui”. E Jessé mandou buscá-lo. Ele era louro, de belos olhos e de formosa aparência. O Senhor disse: “Vamos, unge-o: é ele”.Samuel tomou o corno de óleo e ungiu-o no meio dos seus irmãos. E, a partir daquele momento, o Espírito do Senhor apoderou-se de Davi. Samuel, porém, retomou o caminho de Ramá.(1 Samuel 16:1-13 - Escolha de Davi)
Quando chegar o fim de teus dias e repousares com os teus pais, então suscitarei depois de ti a tua posteridade, aquele que sairá de tuas entranhas e firmarei o seu reino. Ele me construirá um templo e firmarei para sempre o seu trono real. Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Se ele cometer alguma falta, eu o castigarei com vara de homens e com açoites de homens, mas não lhe tirarei a minha graça, como a retirei de Saul, a quem afastei de ti. Tua casa e teu reino estão estabelecidos para sempre diante de mim e o teu trono está firme para sempre’.”(2 Samuel 7:12-16 - Promessa de Deus a Davi)
Saul, Davi e Salomão foram os três primeiros reis de Israel, e cada um desempenhou um papel crucial na história do povo escolhido. A monarquia trouxe mudanças significativas para Israel, tanto no campo político quanto religioso. Vou explicar mais sobre cada um:
SAUL
Saul foi o primeiro rei de Israel, escolhido por Deus em resposta ao pedido do povo por um líder semelhante aos reis das outras nações (1 Samuel 8-10). Até então, Israel era governado por juízes e profetas, mas o povo queria uma figura de autoridade centralizada. Saul era da tribo de Benjamim e foi ungido por Samuel, o profeta. Ele era alto e impressionante em aparência, o que agradou ao povo. Inicialmente, Saul era humilde e, em sua primeira grande batalha, liderou Israel à vitória contra os amonitas. No entanto, Saul logo demonstrou dificuldade em obedecer às ordens de Deus. Seu maior erro foi oferecer sacrifícios em vez de esperar por Samuel (1 Samuel 13:8-14) e, depois, desobedecer diretamente a Deus ao poupar o rei Agague e o melhor do gado dos amalequitas, quando deveria destruí-los completamente (1 Samuel 15).
A desobediência resultou na rejeição de Saul por Deus como rei. Saul se tornou ciumento e inseguro quando o jovem Davi, que havia matado o gigante Golias, começou a ganhar popularidade. Isso levou Saul a tentar matar Davi várias vezes, o que causou um longo período de conflito entre os dois. Saul terminou seus dias em desespero. Ele foi derrotado em uma batalha contra os filisteus e, sentindo-se cercado, cometeu suicídio caindo sobre sua própria espada (1 Samuel 31). A história de Saul nos ensina sobre os perigos da desobediência a Deus e da falta de humildade. Sua vida reflete como o orgulho e a insegurança podem levar ao afastamento de Deus e à ruína pessoal.
DAVI
Após a rejeição de Saul, Deus escolheu Davi, um jovem pastor da tribo de Judá, para ser o próximo rei (1 Samuel 16). Davi é uma das figuras mais importantes da Bíblia e é lembrado como o "homem segundo o coração de Deus" (Atos 13:22). Davi começou como um jovem pastor que ganhou fama ao derrotar o gigante Golias com uma pedra e uma funda (1 Samuel 17). Sua coragem e confiança em Deus o tornaram amado pelo povo e o colocaram em conflito com Saul. Embora ungido por Samuel, Davi não se tornou rei imediatamente. Ele passou anos fugindo de Saul, mas nunca tomou o trono à força, mostrando paciência e confiança no plano de Deus. Isso mostra seu respeito pela autoridade de Deus, mesmo quando Saul estava em desacordo com ele. Após a morte de Saul, Davi se tornou o rei de Judá e, eventualmente, de todo Israel. Ele consolidou seu poder, unificando o reino e estabelecendo Jerusalém como a capital.
Davi também trouxe a Arca da Aliança para Jerusalém, tornando a cidade o centro espiritual de Israel. Deus fez uma promessa especial a Davi — a Aliança Davídica — de que sua descendência seria estabelecida para sempre (2 Samuel 7:12-16). Esta aliança é central para a teologia cristã, pois Jesus, o Messias, é considerado o cumprimento dessa promessa como descendente de Davi. Apesar de sua grande fé e conquistas, Davi também cometeu pecados graves, como o adultério com Bate-Seba e o assassinato do marido dela, Urias (2 Samuel 11). No entanto, Davi se destacou por seu arrependimento sincero, como evidenciado no Salmo 51, onde ele clama por misericórdia e perdão. Davi reinou por 40 anos e, no final de sua vida, passou o reinado para seu filho, Salomão. Davi é um exemplo de que mesmo aqueles com grandes falhas podem ser usados por Deus. Sua vida reflete coragem, fé, obediência e arrependimento, e ele é lembrado como um dos maiores líderes de Israel.
SALOMÃO
Salomão foi o filho de Davi com Bate-Seba e o sucessor de Davi como rei de Israel. Ele é conhecido por sua sabedoria, riqueza e por construir o Templo de Jerusalém. Quando Salomão se tornou rei, ele pediu a Deus sabedoria para governar o povo com justiça. Deus lhe concedeu essa sabedoria, e Salomão logo ficou famoso por sua capacidade de resolver disputas e governar com prudência. A famosa história do julgamento das duas mulheres que reivindicavam o mesmo bebê é um exemplo de sua sabedoria (1 Reis 3:16-28). Um dos maiores legados de Salomão foi a construção do Templo em Jerusalém. Este templo era o centro da adoração a Deus em Israel e abrigava a Arca da Aliança. A construção do templo foi um momento de grande realização espiritual e política para Israel, simbolizando a presença de Deus entre o povo. Durante o reinado de Salomão, Israel viveu um período de grande prosperidade e paz. O comércio floresceu, e a riqueza de Salomão era lendária, atraindo visitantes de terras distantes, como a rainha de Sabá (1 Reis 10).
Apesar de seu grande início, Salomão começou a se afastar de Deus ao longo do tempo. Ele casou-se com muitas mulheres estrangeiras, que o levaram a adorar seus deuses, o que trouxe a ira de Deus (1 Reis 11). Seu coração se desviou, e no final de sua vida, ele deixou de seguir plenamente os caminhos do Senhor. Como resultado da idolatria e desobediência de Salomão, Deus anunciou que o reino seria dividido após sua morte. Após a morte de Salomão, o reino foi dividido em dois: Israel (ao norte) e Judá (ao sul). Salomão nos mostra que mesmo aqueles que possuem grandes dons de Deus — como sabedoria e riqueza — podem ser seduzidos pelos caminhos errados. Sua vida nos adverte sobre os perigos de comprometer nossa fidelidade a Deus, mesmo quando estamos cercados de sucesso material.
CONCLUSÃO
Esses três reis — Saul, Davi e Salomão — ilustram diferentes aspectos da liderança e da relação com Deus. Saul nos alerta sobre os perigos da desobediência e do orgulho; Davi, embora falho, é um modelo de arrependimento e fé genuína; e Salomão nos lembra que sabedoria e sucesso são dons preciosos, mas que a fidelidade a Deus deve sempre ser preservada. Juntos, eles ajudam a contar a história de Israel e a maneira como Deus guiou o seu povo através da monarquia.
REFLEXÃO
Davi, mesmo com suas falhas, é considerado "homem segundo o coração de Deus" (Atos 13:22). O que isso nos ensina sobre a misericórdia de Deus?
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