No contexto judaico, o cordeiro era um animal frequentemente utilizado em sacrifícios como símbolo de purificação e redenção dos pecados. Um dos rituais mais conhecidos é a celebração da Páscoa (Pessach), onde o cordeiro pascal era sacrificado e seu sangue era sinal de proteção para o povo de Israel. Essa prática remonta ao êxodo, quando os israelitas marcaram suas portas com o sangue de um cordeiro para serem protegidos da última praga que caiu sobre o Egito. Esse ato simbolizava a libertação e a passagem da escravidão para a liberdade, com o cordeiro como um sinal de redenção e proteção divina.
Quando João Batista vê Jesus e declara: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1:29), ele está apontando Jesus como o sacrifício supremo. Assim como o cordeiro pascal protegia e libertava o povo no Antigo Testamento, Jesus é apresentado como o Cordeiro cujo sacrifício libertará a humanidade do pecado e da morte. Ao se entregar na cruz, Jesus substitui todos os sacrifícios anteriores, oferecendo-se como o sacrifício perfeito e definitivo, que tem o poder de redimir a todos, independentemente de raça ou cultura.
O simbolismo do "Cordeiro de Deus" está associado à inocência, à entrega, e à obediência à vontade de Deus. O sacrifício de Jesus representa o amor incondicional de Deus pela humanidade. Ele não apenas "carrega" nossos pecados, mas os "tira," limpando o coração humano e reconciliando-nos com Deus. Como Cordeiro, Jesus une em si o papel de sacerdote (aquele que oferece o sacrifício) e da própria vítima sacrificial, oferecendo-se por amor.
Na vida cristã, entender Jesus como o "Cordeiro de Deus" é recordar que, assim como Ele se entregou, nós também somos chamados a uma vida de serviço, de amor e de entrega ao próximo. Jesus, como o Cordeiro, é o modelo de obediência e sacrifício por um bem maior, o que nos inspira a viver com esse mesmo espírito de dedicação e amor.
JESUS HOMEM
Na fase em que vive como homem simples, Jesus cresce em Nazaré, uma vila modesta na região da Galileia. Ele é conhecido como o filho de José e Maria, uma família humilde e comum. José, seu pai, é carpinteiro, um ofício manual que exige trabalho árduo, e Jesus, conforme era a tradição da época, aprende o ofício com ele. Isso faz com que Jesus conheça de perto a rotina e as dificuldades da vida de um trabalhador, compartilhando do cotidiano de muitos na sua comunidade.
Essa fase em Nazaré é marcada pela simplicidade e discrição. Jesus experimenta o dia a dia de uma criança, adolescente e jovem adulto, participando das tradições de seu povo, frequentando a sinagoga e celebrando os rituais judaicos. Ele vive plenamente as experiências e limitações humanas, o que reforça o caráter acessível e próximo que Ele mantém ao longo de toda sua vida. Essa fase é um tempo de preparação silenciosa, onde Jesus, no anonimato, aprende a importância do trabalho, da obediência e do respeito aos outros.
A humildade de Jesus durante esses anos simples é uma lição para a vida cristã, pois Ele, sendo Deus, escolhe viver entre os homens e sentir as mesmas dificuldades e desafios, como a fadiga, o trabalho e até as limitações próprias de sua condição humana. Essa convivência com o cotidiano humano o torna um modelo de compaixão, proximidade e empatia, pois Jesus entende nossas dores e alegrias, conhece nossos desafios e limitações. Quando mais tarde Ele começa a se apresentar como Messias, sua origem humilde é um testemunho de que Deus valoriza a simplicidade e a humildade, e que o Reino de Deus não é para os poderosos, mas para os de coração puro e simples.
JESUS SE APRESENTA COMO MESSIAS
O momento em que Jesus começa a se apresentar como o Messias é marcante e tem profunda relevância na sua missão e na compreensão que o povo de Israel tinha sobre Ele. O termo "Messias," do hebraico Mashiach, significa "ungido" e aponta para aquele que Deus havia prometido enviar para salvar o povo e restaurar a aliança. Esperava-se que o Messias fosse um libertador poderoso, um líder político e militar que resgataria Israel do domínio estrangeiro e estabeleceria um reinado de justiça e paz. No entanto, Jesus redefine o papel messiânico de maneira surpreendente e até incompreensível para muitos.
O início público da missão de Jesus ocorre em seu batismo por João Batista no rio Jordão. Ao ser batizado, Jesus se identifica com a humanidade pecadora, embora Ele próprio não tenha pecado, mostrando sua humildade e disposição de carregar o peso da humanidade. Nesse momento, ocorre uma revelação divina: "Assim que Jesus foi batizado, saiu da água. Naquele momento, o céu se abriu, e ele viu o Espírito de Deus descendo como pomba e pousando sobre ele. Então uma voz dos céus disse: 'Este é o meu Filho amado, de quem me agrado'" (Mateus 3:16-17). Esse episódio confirma a identidade messiânica de Jesus, com Deus revelando-o como Seu Filho e ungindo-o com o Espírito Santo para sua missão.
Após o batismo, Jesus inicia seu ministério com alguns milagres que anunciam o Reino de Deus, mostrando sinais de que o Messias havia chegado. Um dos primeiros milagres ocorre nas Bodas de Caná, onde Jesus transforma a água em vinho (João 2:1-11). Esse ato não só demonstra o poder divino de Jesus, mas também simboliza a nova aliança, uma abundância de bênçãos e a alegria que Ele traz ao povo.
JESUS APRESENTA A BOA NOVA
Quando Jesus inicia seu ministério, ele percorre cidades e povoados na Galileia e além, compartilhando a mensagem do Reino de Deus. Ele ensina nas sinagogas, fala em praças e junto ao povo, comunicando uma Boa Nova revolucionária: o amor incondicional de Deus por cada pessoa e o convite para uma nova vida. Em suas pregações, Jesus fala sobre amar o próximo, praticar o perdão, e confiar na promessa da vida eterna com Deus. Seus ensinamentos oferecem uma esperança que toca a alma das pessoas, especialmente aquelas marginalizadas e sofridas.
Em suas palavras e ações, Jesus desafia as normas da época. Ele convive com pessoas rejeitadas pela sociedade — como publicanos, samaritanos, mulheres e até leprosos — demonstrando que todos são igualmente amados por Deus. Ao ensinar a importância do amor ao próximo, Jesus mostra que a prática da compaixão é fundamental para aqueles que querem viver segundo os princípios do Reino. Ele também prega o perdão, um conceito que vai além das normas de justiça daquela época: "Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem" (Mateus 5:44). Esse chamado ao perdão era uma mensagem radical e difícil, mas necessária para o fortalecimento do espírito de unidade e paz que Ele trazia.
Jesus também fala sobre a vida eterna, prometendo que aqueles que o seguem terão um lugar no Reino de Deus. Esse conceito de vida eterna oferecia ao povo uma visão de esperança que transcendia o sofrimento e as limitações da vida cotidiana. Ao contrário das expectativas de um reino terreno e político, o Reino de Deus que Jesus anuncia não se limita às estruturas humanas, mas é um estado espiritual onde a paz e a justiça prevalecem. "O Reino de Deus está entre vós" (Lucas 17:21), Ele diz, indicando que o Reino começa dentro do coração de cada um que acolhe a verdade e o amor.
A mensagem de Jesus era revolucionária para a época porque trazia um novo padrão de comportamento, uma esperança para aqueles que estavam perdidos, doentes, ou marginalizados. As pessoas cansadas de um sistema religioso rígido e de uma vida de opressão encontravam em Jesus um líder amoroso e acolhedor, que as convidava a uma transformação interior. A Boa Nova significava que o Reino estava ao alcance de todos — ricos e pobres, justos e pecadores —, e que Deus não exigia mais sacrifícios exteriores, mas um coração disposto a amar e servir.
Esse chamado para uma mudança radical causava impacto. Ao ensinar o valor do amor, do perdão e da misericórdia, Jesus oferecia à humanidade uma nova direção de vida. Sua mensagem não só apontava para a paz interior e a salvação, mas também convidava a todos a se tornarem agentes de mudança, a espalharem o amor de Deus e a transformar o mundo à sua volta.
REFLEXÃO
- O que mais os tocou/ chamou a atenção sobre as fases da vida de Jesus?
- Como podem, em suas vidas, seguir o exemplo de Jesus nas diferentes fases, buscando a simplicidade, a coragem de se mostrar como cristãos, e o desejo de propagar o amor?

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